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Estavam presentes também os curadores da exposição, Aldrin Figueiredo (Diretor de Museu do IHGP) e Nazaré Sarges, e equipe de pesquisa, conservação, montagem e ação educativa, com Michelle Barros de Queiroz, Dayseane Ferraz, José Fernandes Fonseca Neto, Rosa Arraes, Luís Augusto Quaresma, André Garcia e Milena Ribeiro.

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Para mim, pessoalmente, o evento da exposição é uma realização por estar, no momento, à frente do Museu do IHGP e a possibilidade de mostrar parte de seu acervo e torná-lo acessível ao público. Não quisemos fazer mais uma exposição laudatória dos heróis da independência, mas optamos por pensar os diferentes sujeitos da história.

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Abrimos e fechamos a mostra com as imagens de duas mulheres – Mãe Catarina, citada por Patroni, como escrava, sentinela e líder de expedições e guarda no tempo da independência. No pé do cartaz, uma touceira de tajás logo de frente para abrir caminho (veja abaixo).

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Aproveitamos um avatar de todas essas mulheres guerreiras sob o desenho de Debret, para a soleira da mostra. No final, uma fotografia feita por Elza Lima em Faro, no Oeste do Pará, com uma linda Amazona, pensativa, centralizada entre dois bustos de autoria de Décio Villares, de Tiradentes e José Bonifácio. Quem são mesmo os heróis da independência? (Veja painel acima "Solar Barão de Guajará").

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No correr das salas, o visitante pode adentrar no espaço onde o Barão de Guajará escreveu sua obra monumental sobre os Motins políticos na Província do Pará, texto seminal para todo e qualquer estudo sobre o período. Ali, nas vitrines e montras, um pouco de suas matrizes intelectuais, seus gostos e repertório analítico (veja painéis acima e abaixo). Na sala seguinte, a história da independência no Grão-Pará, com imagens, textos e objetos originais que recontam passagens desde invasão de Caiena em 1809 até os debates sobre as duas datas mais importantes no nosso calendário cívico paraense – o 7 de setembro e o 15 de agosto, quando aqui se comemora a adesão ao Império do Brasil. Entre proclamações escritas em francês e português para os habitantes de Caiena, efígies de governantes e dos imperadores, uma espada gravada com as insígnias de Pedro I, há um destaque para o broche que os soldados usaram no furriel em 1823, jamais mostrado em exposição, mas que já traz gravada a sentença do "Independência ou Morte".

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No roda teto do salão azul, os nomes dos líderes dos motins de 14 de abri de 1923 e outros militaram nas lutas da Independência no Pará, praticamente todos nomes de rua e logradouros, mas que raramente se sabe o que fizeram, nem quando, como e onde: Diogo Moia (que é a minha rua), Antonio Barreto, Jerônimo Pimentel, Manoel Evaristo, Soares Carneiro, José Pio, Boaventura da Silva, João Balbi, Oliveira Belo e grande cantilena (veja painel acima).

 

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Se tiverem crianças em casa, levem-nas à exposição para ver a sala amarela, com um rico repertório sobre a história ensinada da Independência, desde livros didáticos aos retratos de antigos desfiles escolares que olhavam o Império sob ótica republicana. Lá estão meninas vestidas de Marianne, Leopoldina e guerreiras amazonas, tanto gregas como icamiabas. E a última sala, das Efemérides da Nação, guarda algumas joias da pintura, como a tela de Pedro I feita por Manoel Pastana para o centenário de 1922, um incrível pergaminho em iluminura da lavra de Theodoro Braga, com os feitos da adesão, além da aquarela de Alfredo Norfini, de 1940, com o Morticínio do Brigue Palhaço. Seriam as maiores joias, se não estivessem acompanhadas de testemunhos da intimidade amazônica em armário-louceiro, que mostra lado a lado, um conjunto de café feito em barro cozido proveniente do Mocambo do Pacoval, Curuá, em Alenquer; cuias Munduruku de Itaituba; as bonecas ancestrais do Quilombo do Camiranga, de Cachoeira do Piriá, Gurupi; cestos do povo Anambé do Cairari, até um galo em madeira franco-guianense vindo de Caiena. Tem muito mais, e tudo ao lado de belos fracionamentos de louças de algumas das mais conhecidas casas da Europa, como Vista Alegre, Limoges, Bavária e Worcester. Se é pra comemorar a independência, se tem que lançar mais perguntas que respostas, mexer no quadro dos heróis, questionar a misoginia historiográfica, e colocar o passado sempre em diálogo com o presente. O IHGP está aberto à visitação, de terça a sexta, das 09 às 16 horas, a entrada na exposição é gratuita, e todo mundo é convidado. E já começou.

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Edição Geral: Robson Wander Costa Lopes - 1º Secret. do IHGP, Cadeira Nº 51; Professor do IFPA; Discente do PPHIST-UFPA (Doutorado em História).

Fotos: VV.AA.

 

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Portal da UFPAhttps://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/13642-exposicao-que-celebra-o-bicentenario-da-independencia-do-brasil-ja-esta-aberta-ao-publico

Uruá-Tapera (blog):https://uruatapera.com/mostra-no-ihgp-revela-novas-facetas-da-independencia-do-brasil/