HIBRIDISMO: um tropo enganoso e a história do uso de uma metáfora

Autores

  • José Newton Coelho Meneses

Palavras-chave:

Híbrido, Hibridismo, Cultura, Transculturação, mestiçagens

Resumo

O presente artigo é fruto de uma comunicação oral realizada em dois eventos distintos, quando foram
motivadoras de ricas discussões. Apresenta-se como um ensaio bibliográfico e histórico com o objetivo de
refletir sobre a adequação da metáfora hibridismo e híbrido na caracterização de fenômenos culturais
importantes, como é o caso do processo histórico de encontros de culturas, comumente tratados como
mestiçagens culturais. Questiona a adequação da metáfora, tendo como fundamento o estudo histórico dessa
nomeação, por parte de historiadores e de outros cientistas sociais ao longo da história, centrando-se na
observação contemporânea desse uso, principalmente no âmbito da América latina. O texto busca apresentar
a preocupação com respeito ao uso cultural das metáforas exemplificando com o caráter dúbio e múltiplo dos
significados da palavra híbrido, construído no decorrer da história e seu uso para adjetivar as riquezas
culturais. Tal preocupação busca ter dimensão conceitual e metodológica e, neste sentido, perscruta as
temporalidades do conceito de hibridismo biológico e em que medida a palavra híbrido está presente no
pensamento moderno e não moderno. Apresenta questões sobre os contornos semânticos assumidos pela
palavra em contextos histórico-culturais distintos e, ao final, questiona a tradição (entendendo-a como
transmissão) de seu uso, muitas vezes irrefletido, naturalizado. Conclui que as expressões
híbrido(a)/hibridismo, por sua dubiedade interpretativa, são pouco aderidas às realidades interpretadas e,
assim, servem pouco como convenções para o entendimento denotativo de nossas interpretações.

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Publicado

2023-09-26