Por que Matilde Maria resolveu esperar?

Entre a promessa, uma longa espera e a conquista da liberdade no Graõ-Pará independente

Autores

  • Barbara da Fonseca Palha SEDUC PA

Palavras-chave:

Grão-Pará, Centenário da Independência, escravidão, mulheres escravizadas

Resumo

Em maio de 1846, uma mulher escravizada denominada Matilde Maria deu entrada em uma ação cível de liberdade no Juízo do Cível da Capital. Ao analisar o documento, percebe-se que o recurso a essa agência escrava só foi possível depois da morte do senhor, que impôs essa condição a liberdade da cativa. No entanto, a luta dela em busca da liberdade teve início em 1823 e em 1846 ocorreu o seu desfecho. Mesmo vivendo em um Grão-Pará cujo contexto foi marcado pela disseminação de “ideias de independência”, pelas constantes fugas escravas, pela formação de mocambos e pelo movimento da Cabanagem, ela resolveu esperar pelo momento oportuno para alcançar a sua liberdade. O objetivo deste artigo, portanto, é responder à questão proposta no título: por que Matilde Maria resolveu esperar?

Palavras-chaves: Grão-Pará; independência; escravidão; mulheres escravizadas; ações de liberdade.

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Publicado

2025-04-12