UMA DEMOCRACIA EM COLAPSO: O ESGOTAMENTO DO POSSÍVEL E A EXPERIÊNCIA ÉTICA

Autores

  • Édio Raniere
  • Cleci Maraschin

Resumo

Vivemos no Brasil uma espécie de descrédito com relação a algumas das nossas experiências coletivas. A
promulgação da Constituição Cidadã em 1988 levou uma grande parcela da nossa população acreditar que havíamos
construído um patamar mínimo de institucionalidade, a partir do qual novas potências poderiam ser efetuadas.
Contudo, em menos de trinta anos assistimos essa crença ser desconstruída. Concomitantemente ao cenário nacional,
parece estar em curso, em muitos países, uma onda conservadora que vem colocando em xeque o próprio regime
democrático. Nessa circunstância uma irremediável questão se impõe: a democracia estaria entrando em colapso?
Para além da perplexidade, paralisia e angústia, muitas vezes experienciadas em momentos de desmonte, alguns
pensadores e cientistas afirmam que são justamente os momentos de breakdown, como o que estamos atravessando,
que se apresentam grávidos de virtuais. Virtuais, pois não se trata de buscar pelo possível da possibilidade – o qual
previamente se coloca à disposição como escolha – mas se perguntar pelo possível da potência. A questão pode
então ser reposicionada: em que medida as insurreições que estamos vivendo criam condições de possibilidade para
que a experiência ética seja tomada em primeiro plano, e não mais a reboque do projeto/modelo político a ser
atingido, escolhido, selecionado? Assim, a aposta deste texto é a de permitir passagem a uma vida que vem – aberta
pelo colapso e pelas insurreições em curso. Ou seja, a de problematizar o corpo democrático fazendo ressoar
potências de intercessores como Gilles Deleuze, Francisco Varela e Jacques Rancière.

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Publicado

2023-11-13