GESTOS E RESISTÊNCIA: IMAGEM E MONTAGEM DO PENSAMENTO

Autores

  • Elisandro Rodrigues
  • Luciano Bedin da Costa

Palavras-chave:

Montagem, Levantes, Gesto, Resistência, Comum

Resumo

Nos últimos oito anos, desde 2009, o mundo vem presenciando ondas crescentes de levantes populares que têm
sacudido, em seus agires micropolíticos, algumas estruturas. Protestos, manifestações, marchas e ocupações que,
de diferentes recantos, insurgem enquanto remontagens do sujeito em sua dimensão coletiva. Este ensaio
encontra em Didi-Huberman, mais especificamente em sua exposição Soulevements (Levantes), elementos para
pensar conceitualmente a montagem sacudida pelos acontecimentos políticos atuais. Didi-Huberman monta essa
exposição pensando em cinco tempos, cinco gestos que vão do micro ao macro, a saber: o gesto da fúria
inquieta, o gesto intensivo de um corpo que grita, o gesto de clamor da palavra, o gesto de inflamação coletiva
dos vagalumes e o gesto de sobrevivência para além do seu desaparecimento. Através de algumas imagens da
exposição e da obra “Carta ao Pai”, de Elida Tessler, traça-se alguns elementos para pensar a montagem como
modo de expor visualmente as descontinuidades do tempo que atuam em todas as sequências da história, modos
de organizar – de desmontar, de analisar e também de contestar – o próprio horizonte de nosso tempo. Por fim,
com subsídio de Dardot, Laval, Negri e Hardt, chega-se à ideia de desmontagem do neossujeito, deste sujeito
contemporâneo e neoliberal do qual o desejo é tomado como um novo poder, espaço ininterrupto de disputa. No
entanto, a produção de um comum – resgatada pelo drapeado dos levantes atuais – é aqui evocada enquanto
gesto efetivo de resistência.

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Publicado

2023-11-13