UM POETA MESTIÇO: ENTRE A ESCRAVIDÃO E A LIBERDADE NO GRÃO-PARÁ (1871-1897)
Palavras-chave:
Raça, liberdade, CidadaniaResumo
Em 9 de junho de 1897 faleceu na Santa Casa de Misericórdia em Belém do Pará, o poeta e jornalista José Natividade Lima. Nascido da escrava Damásia, pode, por intermédio da família senhorial, ter acesso a instrução nas primeiras letras, ainda jovem exerceu o ofício de caixeiro e guarda livros. No início da década de 1890 exerceu o jornalismo em vários periódicos paraenses, publicando crônicas sob pseudônimos, e poemas que culminaram no livro Musa Bohemia (reeditado em 1977). Foi um dos fundadores da agremiação Mina Literária, uma das principais responsáveis por discutir o desenvolvimento de uma literatura amazônica autônoma. Este artigo aborda o contexto transcorrido em Belém entre 1870 e 1897, entrelaçando a vida de Natividade Lima as discussões sobre o uso da mão de obra diante do projeto de fim gradual da escravidão, assim como a presença da geração de menores nascidos após a lei do ventre livre em 1871, em espaços por vezes inacessíveis a escravos e libertos.